A linha entre a realidade e a ficção às vezes é tênue. Muitas vezes, histórias que começam como lendas se tornam tão enraizadas na cultura popular que começamos a nos perguntar se elas poderiam, de fato, ter existido.
No mundo cinematográfico, três cidades têm despertado a imaginação de cineastas e espectadores ao longo dos anos: Tróia, Shangri-Lá e Atlântida.
Tróia
Tróia, também conhecida como Ílion, era uma cidade rica e poderosa, localizada entre os continentes da Ásia e da Europa. Nas narrativas mitológicas, especialmente na Ilíada de Homero, Tróia é retratada como uma cidade de grandiosidade arquitetônica, com altas muralhas quase impenetráveis, protegidas pelo rio Escamandro.
Os troianos eram conhecidos por sua bravura, e a cidade tinha a proteção de deuses como Apolo e Afrodite. A rixa entre Tróia e os gregos começou com o julgamento de Paris, que culminou no famoso rapto de Helena, a mais bela entre as mortais.
O Filme “Tróia” (2003)
No antigo cenário da Grécia, um conflito de proporções épicas se inicia quando o príncipe troiano Paris seduz Helena, Rainha de Esparta, e a leva para Tróia. Agitado pelo ultraje, Menelau, rei de Esparta e marido de Helena, convoca seu irmão, o poderoso rei Agamêmnon, para ajudar a recuperar sua esposa.
Em pouco tempo, um enorme contingente de exércitos gregos sitia a cidade murada de Tróia, iniciando uma guerra que se estenderá por anos.
Atlântida
Atlântida, descrita por Platão nos diálogos “Timeu” e “Crítias”, estava localizada além das Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar).
Fundada pelo Deus Poseidon, a cidade central tinha anéis concêntricos de água e terra, e um palácio majestoso no meio. Governada pelo semi-deus Atlas, filho de Poseidon, Atlântida floresceu como uma civilização avançada com templos e canais elaborados.
No entanto, à medida que o povo se desviava da virtude, atraindo o descontentamento dos deuses, incluindo Zeus, a ilha enfrentou a ira divina. Em consequência de seu orgulho e após um confronto com Atenas, Atlântida foi submersa em um único dia e noite de infortúnio, desaparecendo para sempre.
“Aquaman” (2018)
“Aquaman”, dirigido por James Wan e estrelado por Jason Momoa, é uma aventura de super-heróis que faz parte do Universo Estendido da DC Comics. A trama mergulha nas origens de Arthur Curry, também conhecido como Aquaman, um homem meio humano e meio atlante que vive dividido entre dois mundos: a superfície terrestre e o reino subaquático de Atlântida. Quando sua meia-irmã, Mera (Amber Heard), aparece com notícias alarmantes sobre um conflito iminente, Arthur é compelido a assumir seu papel como herdeiro do trono de Atlântida para evitar uma guerra devastadora entre os oceanos e a superfície.
Shangri-Lá
A ideia de Shangri-La foi popularizada para o mundo através do romance “Horizonte Perdido”, escrito em 1933 por James Hilton. Não se baseia em um mito antigo, como Tróia ou Atlântida. Ao invés disso, foi inspirada, em parte, pelos relatos de viajantes sobre lugares misteriosos no Tibete, bem como pelas histórias de cidades perdidas nos Himalaias.
No livro de Hilton, Shangri-Lá é um mosteiro escondido no Tibete, protegido por montanhas intransponíveis. Mais do que uma localização geográfica, é um estado de espírito, um refúgio da decadência do mundo exterior e um lugar de iluminação espiritual.
Os habitantes deste paraíso viveriam vidas incrivelmente longas, em paz e harmonia, imersos em artes e sabedoria.
“Horizonte Perdido” (1973)
“Horizonte Perdido”, uma reimaginação musical do clássico romance de James Hilton, nos transporta a uma odisseia inesperada ao coração do Himalaia. Quando um avião sequestrado enfrenta um pouso forçado nas montanhas, os passageiros, incluindo o cético diplomata britânico Richard Conway, se encontram em um lugar misterioso e remoto: Shangri-La.
Esta utopia escondida, cercada por picos nevados e paisagens de tirar o fôlego, é habitada por pessoas de diversas culturas que, de algum modo, parecem ter encontrado a chave para a paz e a longevidade.
O filme, com suas belas sequências musicais, explora a tensão entre a desconfiança inicial dos recém-chegados e a magia sedutora de Shangri-La. À medida que Richard se aprofunda nos segredos deste paraíso, ele é confrontado com dilemas profundos sobre a verdadeira natureza da felicidade, o custo da civilização e a tentação de um refúgio eterno.
“Horizonte Perdido” não é apenas uma aventura épica, mas também uma reflexão poética sobre os sonhos e desejos humanos, em meio a cenários deslumbrantes e músicas envolventes.
Tróia Desenterrada: Mito se torna realidade
Durante muito tempo, Tróia foi considerada apenas uma cidade da mitologia, existindo apenas nas páginas da Ilíada de Homero. Porém, isso mudou em 1871 quando o entusiasta da arqueologia, Heinrich Schliemann, determinado a provar a existência real de Tróia, iniciou escavações em Hisarlik, na moderna Turquia.
As descobertas foram surpreendentes. Schliemann encontrou restos de várias cidades sobrepostas, algumas das quais remontam à era descrita por Homero. Ele desenterrou artefatos valiosos, incluindo o que ele acreditava ser o “Tesouro de Priam“, uma coleção de objetos de ouro e outros artefatos preciosos.
Embora a autenticidade e a datação destes itens tenham sido debatidas, eles permanecem como testemunho tangível da rica história da região.
Estas descobertas reacenderam a questão sobre a verdadeira natureza de muitas histórias antigas: onde termina a mitologia e onde começa a história real? Pode ser que lugares como Shangri-Lá e Atlântida tenham, de alguma forma, raízes na realidade.
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