Conforme a gente já mencionou no artigo sobre os benefícios do canto no teatro musical, a arte é capaz de proporcionar inúmeras vantagens à nossa vida.
Além de aumentar a concentração, aguçar a imaginação, dar um upgrade na autoestima e fazer bem para a saúde, isso não é tudo…
Em síntese, o teatro consegue nos tornar mais atentos e reflexivos, modificando a nossa percepção sobre o mundo real, em pleno exercício de aceitação e autoconhecimento.
Dessa forma, diferentes metodologias são aplicadas para desenvolver ainda mais essas aptidões proporcionadas pela arte, agindo intimamente na nossa transformação pessoal.
Como é o caso de Viola Spolin, considerada, por muitos, a grande referência clássica para professores de interpretação e educadores.
Sendo assim, vale a pena mergulhar um pouco mais a fundo na riquíssima obra da autora para compreender um pouco mais sobre os benefícios dos Jogos Teatrais.
A função dos jogos teatrais segundo Viola Spolin
Foi justamente pensando nesse poder de transformação que a americana Viola Spolin decidiu implementar o seu método revolucionário.
Caso você ainda não tenha ouvido falar nesse nome, foi ela a responsável pelo desenvolvimento de jogos teatrais inspirados em atividades praticadas com imigrantes durante a grande depressão americana.
Depois que se tornou uma das pioneiras no teatro de improvisação, em meados da década de 1930, Viola construiu uma herança cheia de função social.
Com o intuito de facilitar a integração entre as pessoas e desenvolver a capacidade de se trabalhar em equipe, a autora criou a sua proporia percepção sobre o teatro.
Durante o referido trabalho social realizado com imigrantes, Viola Spolin compreendeu a urgência na criação de um sistema teatral acessível à todas as pessoas.
Isso porque, sem uma metodologia de fácil entendimento, capaz de superar as barreiras culturais e étnicas impostas pela globalização, seria impossível interagir plenamente.
Desta maneira, o “Método Spolin” busca potencializar a autonomia dos participantes, agindo como um facilitador para o desenvolvimento coletivo.
Não à toa a ideia do aprendizado através do lúdico segue viva no nosso cotidiano até os dias de hoje.
Os jogos teatrais como mecanismo de desenvolvimento
Embora a estrutura dos jogos teatrais possa não ter parecido simples até aqui, vale ressaltar que ela é basicamente voltada para a resolução de problemas.
Viola Spolin é autora de inúmeros textos sobre improvisação e sempre considerou que todos os seres humanos são capazes de atuar.
De acordo com ela, um problema central serve como argumento para o jogo e, a partir daí, regras são implementadas buscando a sua solução.
“A maioria dos jogos é altamente social e propõe um problema que deve ser solucionado – um ponto objetivo com o qual cada indivíduo se envolve e interage na busca de atingi-lo. Muitas habilidades aprendidas por meio do jogo são sociais.”
A autora defende que a capacidade de experienciar o palco, seja de maneira intuitiva, física ou intelectual, pode ser desenvolvida a partir desse ponto comum.
Segundo a sua metodologia, é justamente o jogo o grande responsável por despertar uma série de qualidades escondidas no interior das pessoas.
Tendo em vista que o sistema de jogos teatrais formulado por Spolin traz estímulos corporais e intelectuais à quem joga, cada um reage de uma maneira específica.
Por conta disso, é possível superar desafios, se libertar de amarras sociais, ultrapassar limites, brincar com a imaginação e se entregar por completo.
Dessa forma, o método aguça essas características pouco trabalhadas, do mesmo modo em que estimula o contato com o outro para que se chegue ao objetivo.
“Liberdade, igualdade e fraternidade”
Para Viola Spolin, os jogos também proporcionam envolvimento e plenitude através do ato de brincar.
No entanto, vale ressaltar que o medo da desaprovação limita a liberdade de criação e expressão.
Na tentativa de ser aceito e aclamado, as pessoas perdem a própria identidade para tentar se encaixar num potinho em que elas não cabem.
É preciso ter liberdade durante o jogo (e durante a vida) para que seja possível adquirir autoconsciência e uma determinação muito mais efetiva.
Também é primordial que a atuação em conjunto não esteja pautada em mecanismos de competição pouco saudáveis, o que tende a pulverizar o clima de harmonia e separar os “jogadores”.
O ideal de igualdade entre todos no grupo, possibilita maior integração e descobrimento, fazendo com que o objetivo seja alcançado de maneira leve e fraterna.
No final das contas, essa experimentação do ator deve ser diária para que seja possível adquirir uma visão mais ampla do seu mundo pessoal, aguçando todos os seus sentidos, como sempre pregou Viola Spolin.
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