O Movimento Armorial, idealizado pelo escritor Ariano Suassuna, surgiu no início dos anos 1970 com o objetivo de criar uma arte erudita a partir dos elementos mais genuínos da cultura popular nordestina. Nascido no contexto da rica tradição cultural do Nordeste brasileiro, Suassuna, inspirado pela sua profunda ligação com a literatura de cordel, música de viola, rabeca, pífano, e artes visuais, lançou oficialmente o movimento em 18 de outubro de 1970, no Recife. Com a colaboração de diversos artistas e o apoio institucional da Universidade Federal de Pernambuco e do governo local, o Movimento Armorial buscava unir e orientar diversas formas de expressão artística para refletir e enaltecer a essência do povo brasileiro.
O sonho de Ariano Suassuna
Ariano Suassuna, com sua trajetória profundamente enraizada na cultura nordestina, vislumbrava uma arte que unisse o popular ao erudito, refletindo a essência do povo brasileiro. Suassuna descreveu a Arte Armorial como aquela que se conecta ao espírito mágico dos folhetos do romanceiro popular nordestino, como a literatura de cordel, e às músicas de viola, rabeca ou pífano que acompanham seus cantares. Essa visão integrava não só a literatura e a música, mas também as artes plásticas, teatro, dança, cinema e até mesmo a arquitetura.
A publicação de “A Pedra do Reino”
Considerado um dos momentos fundadores do Movimento Armorial, a publicação de “A Pedra do Reino” por Suassuna em 1971 teve um impacto tremendo no meio literário brasileiro. Este romance ajudou a popularizar e consolidar os ideais do movimento, atraindo a colaboração de diversos artistas e escritores da região Nordeste, e recebendo apoio institucional da Universidade Federal de Pernambuco e do governo local.
Características e impacto
O Movimento Armorial se destacou por suas características únicas e sua ampla atuação em diversas formas de arte. Inspirado pela literatura de cordel, o movimento buscou uma convergência entre as narrativas poéticas, as xilogravuras ilustrativas e a música dos versos cantados. Essa combinação proporcionou uma rica engenhosidade cultural que refletia as aspirações e o espírito do povo brasileiro.
A arte armorial, conforme descrito por Suassuna, utilizava o folheto de cordel como um ponto de convergência, associando música, palavra e imagem. Essa abordagem interdisciplinar se estendeu a outros campos artísticos, como pintura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema.
A influência do teatro e das artes populares
O teatro popular nordestino, com suas encenações ao ar livre e personagens míticos, também desempenhou um papel crucial no Movimento Armorial. Espetáculos como o bumba-meu-boi, com suas roupagens coloridas e música vibrante, serviram de inspiração para o movimento. O teatro de bonecos nordestino, conhecido como mamulengo, também influenciou a dramaturgia armorial, trazendo um estilo de representação autenticamente brasileiro.
Um legado duradouro
O impacto do Movimento Armorial transcendeu o seu tempo, deixando um legado duradouro na cultura brasileira. Instituições como o Instituto Brincante, criado por Antônio Nóbrega, continuam a difundir os ideais do movimento, sendo considerado por Suassuna como um “consulado do Movimento Armorial”.
Ariano Suassuna, com sua visão e liderança, transformou o Movimento Armorial em um símbolo da fusão entre o popular e o erudito, celebrando a rica herança cultural do Nordeste e promovendo uma arte que é, ao mesmo tempo, acessível e sofisticada. Seu trabalho continua a inspirar novas gerações de artistas e a enriquecer a cultura brasileira, solidificando o Movimento Armorial como um dos capítulos mais vibrantes e inovadores da nossa história artística.
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