O cinema não é apenas uma forma de entretenimento, mas também uma ferramenta poderosa para explorar a complexidade da mente humana. Ao longo das décadas, cineastas têm voltado suas lentes para o campo da psicologia e da psicanálise, mergulhando em histórias reais e fictícias que nos oferecem vislumbres profundos sobre teorias, conflitos éticos e intelectuais, e a prática clínica.
Neste artigo, destacaremos cinco filmes que focam na vida e obra de psicólogos e psicanalistas notáveis, cada um contribuindo à nossa compreensão da psicologia como ciência e como um elemento fundamental da condição humana.
Cinco Filmes notáveis sobre psicólogos e psicanalistas:
1. Um Método Perigoso (2011) – Freud e Jung
“Um Método Perigoso” é um drama psicológico dirigido pelo aclamado David Cronenberg que explora a complexa relação entre os pioneiros da psicanálise, Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen).
O filme se aprofunda nos tenros anos do desenvolvimento da psicanálise e como as teorias de Freud e Jung começam a divergir, especialmente quando entra em cena Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma paciente russa tratada por Jung que mais tarde se torna uma das primeiras psicanalistas mulheres.
As tensões pessoais e profissionais entre os personagens aumentam, questionando os limites éticos e científicos de suas práticas e teorias. O filme é uma complexa mescla de ambição, paixão e os contornos inexplorados da mente humana.
2. Quando Nietzsche Chorou (2007) – Josef Breuer
“Quando Nietzsche Chorou” é um drama psicológico e histórico que combina personagens reais e fictícios para explorar os universos da filosofia e da psicanálise. Dirigido por Pinchas Perry, o filme é uma adaptação do romance homônimo de Irvin D. Yalom. A trama se centra na interação entre o filósofo Friedrich Nietzsche (Armand Assante) e o Dr. Josef Breuer (Ben Cross), um dos pioneiros da psicanálise e mentor de Sigmund Freud.
Nietzsche está sofrendo de intensas crises emocionais e desespero existencial, enquanto Breuer luta com seus próprios dilemas pessoais e éticos, incluindo uma crescente atração por uma de suas pacientes, interpretada por Katheryn Winnick.
O filme descreve um cenário fictício onde Breuer e Nietzsche se tornam parte de um “experimento terapêutico” mutuamente benéfico, cada um ajudando o outro a enfrentar seus próprios demônios e a entender melhor a complexidade da condição humana.
3. Nise: O Coração da Loucura (2015) – Nise da Silveira
“Nise: O Coração da Loucura“ é um tocante drama biográfico dirigido por Roberto Berliner, centrado na vida e obra da psiquiatra Nise da Silveira. Interpretada magistralmente por Glória Pires, a história acompanha o retorno de Nise a um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro após anos de exclusão devido a suas ideias e métodos revolucionários.
Em uma época onde tratamentos brutais e invasivos eram a norma em psiquiatria, Nise da Silveira propôs uma abordagem radicalmente diferente, recusando-se a adotar eletrochoques e lobotomia, optando por métodos terapêuticos baseados na arte e no amor.
A narrativa foca na criação do ateliê de pintura e modelagem, que permitiu aos pacientes expressar suas emoções e traumas através da arte, revelando talentos notáveis e transformando a maneira como a doença mental era percebida e tratada.
O filme não apenas ilustra a batalha de Nise contra os preconceitos e práticas arcaicas de seus colegas, mas também celebra a capacidade transformadora da arte e o poder da compreensão e empatia humanas. A performance de Glória Pires é profundamente emocionante, capturando a paixão, determinação e sensibilidade da Dra. Nise da Silveira.
4. O Exorcismo de Emily Rose (2005) – Briggs
“O Exorcismo de Emily Rose“ é um thriller jurídico e de terror baseado em eventos reais, que explora a história de Emily Rose, interpretada por Jennifer Carpenter. Ela é uma jovem universitária que começa a exibir comportamentos bizarros e sintomas de possessão demoníaca. O filme também se concentra em Erin Bruner (Laura Linney), uma advogada de defesa agnóstica, e Padre Richard Moore (Tom Wilkinson), o sacerdote católico que realizou o exorcismo que resultou na morte de Emily.
A história é contada principalmente através de um julgamento criminal onde Padre Moore é acusado de homicídio culposo pela morte de Emily Rose. Durante o processo judicial, diversos especialistas são chamados para depor, incluindo médicos, padres e também psicólogos.
Um personagem-chave é o Dr. Briggs (interpretado por Colm Feore), um psicólogo forense que testemunha que Emily estava sofrendo de epilepsia e psicose, em vez de estar possuída por demônios. Ele representa a visão científica e cética da situação e sua presença no filme destaca o eterno debate entre ciência e fé, particularmente no campo da saúde mental. Seu papel é crucial para a apresentação dos argumentos da acusação e oferece uma abordagem mais racional e científica para um caso envolto em misticismo e crenças religiosas.
O filme não só explora a dualidade entre a ciência e a religião, mas também coloca o espectador na posição de júri, forçando-o a ponderar sobre o que realmente aconteceu com Emily Rose. É um filme provocativo que desafia as fronteiras entre a medicina, a psicologia e a crença espiritual.
5. Freud, Além da Alma (1962) – Freud
“Freud, Além da Alma“ é um filme biográfico dirigido por John Huston que se concentra nos anos formativos de Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Interpretado por Montgomery Clift, o filme acompanha Freud desde seus primeiros estudos sobre histeria até o desenvolvimento de suas teorias revolucionárias sobre o inconsciente humano, sonhos e sexualidade.
Com um roteiro que tenta abordar complexos tópicos psicanalíticos, o filme foca particularmente no tratamento de Freud a Cecily Koertner (Susannah York), uma paciente cujos sintomas histéricos desafiam as convenções médicas da época. A relação profissional com seu amigo e mentor, Josef Breuer (Larry Parks), também é explorada, fornecendo um pano de fundo para o embate de Freud com os paradigmas médicos tradicionais e sua busca obstinada por entender a alma humana.
Embora o filme tenha recebido críticas variadas quanto à sua precisão histórica e complexidade científica, ele é notável por ser um dos primeiros esforços cinematográficos para trazer as teorias da psicanálise para um público mais amplo. A atuação de Montgomery Clift foi muito elogiada, e o filme permanece como um estudo fascinante sobre uma das figuras mais influentes da psicologia.
Continue acompanhando o que há de mais relevante no mundo das artes aqui no Blog Hipérion!