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A maldição de Macbeth: mito ou realidade no mundo do teatro?

Macbeth é uma peça famosa de William Shakespeare. Foto: Reprodução/Internet.

A lenda da maldição de Macbeth é muito temida nos circulos teatrais, onde a tradição dita que nem o título da produção, nenhuma citação do mesmo, jamais deve ser pronunciado fora de um ensaio ou apresentação. O mito diz que quebrar esse tabu é convidar coisas terríveis a acontecerem.

Acredita-se que a origem da maldição esteja ligada ao fato de Shakespeare ter usado elemento de feitiçaria real nas cenas em que apresentam as bruxas.

Alguns teóricos acreditam que a simples inclusão dos feitiços foi o suficiente para almadiçoar Macbeth, enquanto outros acham que as bruxas ficaram irritadas por os feitiços usados serem incompletos e amaldiçoaram a peça para se vingar.

Enquanto ninguém encontrou provas que os verdadeiros autores das cenas de bruxaria fossem feiticeiros, alguns acadêmicos acreditam que o verso usado pelas bruxas, escrito em tetrametro, com quatro “pés” rítmicos em cada linha, indica que essas cenas não foram escritas por Shakespeare.

A ousadia de retratar feitiçaria no palco: A história por trás de Macbeth

Foto: Reprodução/Internet.

No século XVII, na Inglaterra, a crença em feitiçaria era profundamente enraizada na cultura popular, sendo que muitas pessoas acreditavam na existência da magia negra e na capacidade das bruxas de lançarem feitiços e maldições sobre as pessoas. Essa crença era particularmente forte entre os camponeses e as classes menos educadas da sociedade.

Além do mais, a igreja desempenhava um papel importante na vida das pessoas na época, com muitos líderes religiosos condenando a prática da feitiçaria como uma forma de adoração a Satanás. O novo rei da Inglaterra, James I, que havia assumido o trono recentemente, era um fervoroso opositor da feitiçaria, chegando a publicar um livro chamado “Daemonologie”, no qual condenava a prática da bruxaria e promovia sua erradicação.

Diante desse contexto, Shakespeare decidiu incluir elementos de feitiçaria em sua peça “Macbeth”, o que foi considerado um movimento audacioso para a época. A presença de bruxas e feitiços no palco era vista como algo perigoso e potencialmente ofensivo para muitas pessoas.

Uma peça icônica de Shakespeare sobre ambição, paranóia e assassinato

A peça "Macbeth", de William Shakespeare. Foto: Reprodução/Internet.
Foto: Reprodução/Internet.

Macbeth conta a história de um general escocês que recebe uma profecia das bruxas, dizendo que ele será rei. Ele é convencido por sua esposa Lady Macbeth, a assassinar o rei atual para que a profecia se torne realidade. Com o tempo, Macbeth se torna cada vez mais paranóico e cruel, matando todos aqueles que ameaçam seu reinado.

A peça é famosa por suas cenas de bruxaria, incluindo a cena em que as bruxas prevêem o destino de Macbeth. Além da lenda, há razões práticas para relacionar Macbeth com a má sorte. Sempre foi uma das peças mais populares de Shakespeare, o que tem implicações estatísticas. Quando há mais apresentações, é estatisticamente mais provável que as coisas dêem errado. E há também as cenas de ação, como a complicada lutas de espadas entre Macbeth e Macduff, o que pode tornar a peça mais perigosa para ser interpretada.

Acidentes, lesões e mortes em torno da peça

Macbeth certamente teve sua cota de acidentes. Acredita-se que a primeira apresentação da peça (por volta de 1606) foi repleta de desastres. O ator que interpretava Lady Macbeth morreu subitamente, então Shakespeare teve que assumir o papel. Outros rumores incluem o uso de verdadeiras adagas em vez de objetos de cena para o assassinato do Rei Duncan (resultando na morte do ator)

A peça não teve muita sorte desde então. Em 1937, a gerente de teatro Lilian Baylis morreu logo após a estreia da peça do Old Vic, estrelada por Laurence Olivier e Judith Anderson. Um peso de palco caiu quase em cima de Olivier, e o diretor e a atriz que interpretava Lady Macbeth sofreram um acidente de carro. A abertura da peça foi adiada, e na primeira noite, o retrato de Baylis caiu da parede do teatro, levando à crença de que a maldição havia sido desencadeada.

Outro incidente notável ocorreu em 1948, quando o ator Charlton Heston interpretava Macbeth em uma produção na Broadway. Durante uma das cenas, a espada de Heston quebrou e voou em direção à plateia, ferindo um espectador. O ator ficou tão abalado com o incidente que se recusou a continuar a apresentação naquela noite.

Porém, de todas as maldições de Macbeth, a mais trágica foi, sem dúvida, o famoso tumulto de Astor Place em Nova York, em 1849. Esse evento, causado pela rivalidade entre o ator americano Edwin Forrest e o ator inglês William Charles Macready, resultou em pelo menos 20 mortes e mais de 100 feridos. O incidente foi tão infame que ficou conhecido como “a batalha de Astor Place”. O que poucos sabem é que ambos os atores estavam encenando Macbeth na época, em produções opostas.

Outras produções foram atormentadas por acidentes, incluindo atores caindo do palco, mortes misteriosas e até mesmo escapes de pesos de cenários que caíam, como aconteceu com Laurence Olivier no Old Vic em 1937.

A lenda e o mistério por trás da peça escocesa

A peça "Macbeth" de William Shakespeare
Foto: Reprodução/Internet.

Mas será que todas essas coincidências podem ser atribuídas a uma maldição sobrenatural? A maioria dos teatrólogos acredita que não. Muitos dos supostos “acidentes” foram causados por erros humanos ou acidentes comuns. Além disso, outras peças de Shakespeare, como “Hamlet” e “Romeu e Julieta“, também tiveram suas parcelas de incidentes infelizes, mas não são associadas a maldição.

Apesar disso, a lenda persiste e muitos atores e membros da equipe evitam mencionar o nome de Macbeth enquanto estão em um teatro, optando por se referir a ela como “a peça escocesa”. E se alguma coisa der errado durante a produção, a maldição de Macbeth é frequentemente apontada como a causa.

Em última análise, a maldição de Macbeth pode ser mais uma questão de superstição do que de sobrenatural. Mas a lenda continua a fascinar e intrigar, adicionando um elemento de mistério e perigo ao já emocionante mundo do teatro.

Desafie a superstição no palco

E aí, leitor! Gostaria de encenar uma das peças mais famosas de Shakespeare? Apesar da superstição em torno do nome da peça, encená-la pode ser uma experiência emocionante e desafiadora. Que tal experimentar você mesmo os encantamentos das bruxas e a luta de espadas épica? Quem sabe você pode até quebrar a suposta maldição e provar que a peça é apenas uma lenda. Vamos lá, desafie-se e divirta-se com a “peça escocesa”.

Continue acompanhando o que há de mais relevante no mundo das artes aqui na Hipérion Blog!

Wilson Almeida

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