As emissoras de televisão têm enfrentado um declínio na audiência e publicidade devido ao crescimento da internet. Como resultado, muitas delas têm buscado influencers famosos com milhões de seguidores para atuar em suas novelas, na tentativa de aumentar sua audiência através do público destas figuras digitais.
No entanto, essa estratégia tem gerado uma polêmica entre os atores profissionais, que se queixam da falta de preparação dos influencers para interpretar seus personagens. Enquanto os influencers geralmente são conhecidos por seus conteúdos na internet, muitos não têm experiência em atuar em novelas ou peças de teatro.
Isso tem levantado preocupações quanto à qualidade das produções televisivas, já que a interpretação dos personagens é fundamental para o sucesso de uma novela. Além disso, os atores profissionais argumentam que eles passam anos treinando e se preparando para a carreira, enquanto os influencers muitas vezes são contratados sem ter essa mesma preparação.
Apesar disso, é importante notar que os influencers famosos têm seu público e poder de atração, o que pode ajudar as emissoras a recuperar parte da audiência perdida para a internet. No entanto, é preciso encontrar um equilíbrio entre a utilização de influencers e a valorização dos atores profissionais, garantindo a qualidade das produções televisivas.
Um bom exemplo disso é a Jade Picon. Com mais de 20 milhões de seguidores no Instagram, a influencer atua em “Travessia”, do horário nobre da Rede Globo. Quando anunciou a sua escalação, o público criticou negativamente, mas preferiram esperar a novela começar para dar uma opinião. Afinal, era o primeiro papel de Picon.
E não deu outra, a novela já está há dois meses no ar e com baixa audiência, sendo a atuação de Jade um dos pontos negativos do folhetim.
Influencers famosos em novelas vem sendo um debate entre profissionais
Tempos atrás, o ator Vladimir Brichta desabafou sobre a exigência de produtoras escalarem alguém baseado em números de redes sociais. O ator deu um exemplo de que levou seu filho para assistir uma peça de um influencer digital, mas que não gostou da apresentação. “Eu tenho certeza que ele fez muito dinheiro com aquilo“, disse Brichta.
Depois, reproduziu uma fala que gerou repercussão na web. “Se você tem um engajamento muito grande, você até pode fazer uma temporada de muito sucesso e lotar shows Brasil afora. Mas primeiro: isso não faz de você um ator. E segundo: isso não faz uma carreira. Quando a gente fala de carreira, estamos pensando a longo prazo. E a longo prazo a gente não sobrevive se não tiver as ferramentas corretas.”
Ao jornal Diário do Nordeste, o ator Silvério Pereira não reprova as figuras da internet em produções, mas colocou em reflexão os que as produções fazem atualmente. “Não basta estudar, se dedicar ao ofício, fazer uma faculdade, ler dezenas de livros, participar de diversas oficinas e cursos se você não tiver milhões de seguidores no Instagram, Tik Tok, Kwai, Twich ou Twitter.”
“A sensação que fica é de que o mercado audiovisual não está mais preocupado com a potência da obra a partir do processo criativo de dramaturgia, mas de como irá alavancar espectadores a partir de seu elenco de estrelas da internet“, escreveu Silvério.
Já o ícone Tony Ramos, que tem 60 anos de carreira, falou que para ser ator é preciso “seguir certas normas”. “Você pode ser um bom mestre de obras, mas não pode de repente entrar no CREA como engenheiro, acredito eu, sem ter uma qualificação de que passou pelos bancos acadêmicos“, disse o ator ao podcast Papo de Novela, do GSHOW.
E você, caro leitor, qual a sua opinião sobre isso?