Antes de conhecermos algumas das peças nacionais há mais tempo em cartaz no Brasil, vale a pena realizarmos um mergulho reflexivo sobre essa indústria no nosso país.
Diante de um cenário onde as leis de incentivo ditam as regras do jogo, uma nociva polarização acaba sendo potencializada.
Por conta disso, a classe teatral acaba se dividindo entre as produções onde artistas de televisão são utilizados para chamar o público e as cenas que dependem exclusivamente de verbas governamentais.
O resultado acaba revelando um intenso conflito entre os artistas que seguem lutando fazer arte de qualidade e aqueles que “nadam conforme a maré”.
Em virtude disso, a não criação de um teatro nacional autossustentável serve como combustível para que produtores continuem buscando por financiamento desenfreado a cada projeto, independente da sua qualidade.
Sendo assim, em meio a tantas incongruências, o fato de existirem algumas peças nacionais em cartaz há anos no Brasil, precisa ser exaltado.
Confira alguns exemplos dessas verdadeiras façanhas:
“Trair e Coçar É Só Começar” no topo das peças nacionais
A proeza mais impressionante presente na nossa lista de hoje está nas mãos de “Trair e Coçar É Só Começar”.
A peça escrita pelo ator Marcos Caruso está em cartaz no país desde 1986, há mais de trinta e seis anos.
O espetáculo foi assistido por mais de seis milhões de espectadores, principalmente nos teatros do Rio e São Paulo, com mais de nove mil apresentações.
Com o sucesso estrondoso, “Trair e Coçar É Só Começar” já foi mencionada no “Guiness Book”, o livro dos recordes, em algumas ocasiões.
“O Mistério de Irma Vap“
Sem sombra de dúvidas, “O Mistério de Irma Vap” pode ser considerado um dos maiores clássicos da comédia americana.
Em território tupiniquim, a primeira encenação estreou nos teatros em 1986, dirigida por Marília Pêra.
Na época, o elenco contava com astros consagrados no cenário nacional como Marco Nanini e Ney Latorraca.
A montagem da obra se transformou em um verdadeiro fenômeno mundial, sendo considerado o espetáculo teatral que se manteve há mais tempo em cartaz, com o mesmo elenco, em todos os tempos.
Desde 2019, Luis Miranda e Mateus Solano são as novas caras do espetáculo e dão vida a uma série de personagens em cima dos palcos.
Além de se passar em outro ambiente, a nova versão mistura referências do terror, a estética dos anos 1980 e várias citações de Shakespeare.
“Minha Mãe é Uma Peça“
Com um cenário cada vez menos favorável ao teatro, é preciso fazer uma menção honrosa ao fenômeno “Minha Mãe é Uma Peça”.
Defendendo o mesmo texto por mais de uma década, o genial Paulo Gustavo levou milhões de espectadores aos teatros pelo Brasil afora.
Surpreendentemente, o humorista ainda viu a sua obra ser adaptada para as telas do cinemas, conquistando resultados históricos nas bilheterias.
Ironicamente, na data em que o monólogo completou 15 anos, o artista responsável por eternizar a protagonista, “Dona Hermínia”, faleceu em detrimento de complicações causadas pela Covid-19.
Ainda que o vazio deixado nos corações de uma imensa legião de fãs seja irreparável, certamente Paulo Gustavo construiu um legado que será lembrado eternamente:
“Enquanto houver público, vale a pena interpretar o mesmo texto”.
“Doidas e Santas“
Como é muito difícil estabelecer prazos de validade para uma peça de teatro, Cissa Guimarães é mais um exemplo impressionante de resiliência no cenário nacional.
Em novembro de 2018, a atriz comemorou a milésima sessão da peça “Doidas e Santas”, cujo texto é inspirado no livro homônimo de Martha Medeiros.
Há mais de uma década em cartaz, o espetáculo que estreou em abril de 2010 já foi visto por mais de 300 mil pessoas e percorreu 25 cidades.
A atriz ainda revelou, publicamente, que o sucesso da peça teve papel fundamental na sua vida após a perda precoce de seu filho, Rafael Mascarenhas, no mesmo ano de 2010:
“Voltar para o palco fez com que eu continuasse a respirar. Essa peça salvou a minha vida!”.
Peças nacionais voltam ao cenário pós pandemia
Embora a pandemia de Covid-19 tenha interrompido a trajetória de sucesso de diversos espetáculos, um novo momento de esperança e renovação vem entrando em cena.
Por conta disso, é preciso enxergar o teatro como uma ferramenta de extrema importância no momento cultural, político e social em que o Brasil está inserido.
Estimular o conhecimento através da arte é a nossa função!
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